A história do cinema – O Terror Gótico
Ao escutar o termo “terror gótico”, geralmente associamos ao terror da literatura de Mary Shelley e Edgar Allan Poe por exemplo, mas foi em 1764 que os preceitos básicos desse gênero foram criados, lá no romance O Castelo de Otranto do escritor Horace Walpole. Uma espécie de terror misturado ao exotismo, ao sobrenatural, com bastante pessimismos e loucura.
Já no cinema, os romances góticos começaram a aparecer com força em filmes dos anos 1920 e 1930, como os clássicos expressionistas alemães O Gabinete do Dr. Caligari (1920) de Robert Wiene, A Morte Cansada (1921) de Fritz Lang e Nosferatu (1922), de F. W. Murnau. Esses filmes mostraram que o cinema tinha uma capacidade incrível de criar cenários sombrios e literalmente góticos por meio de técnicas de iluminação e maquiagem.
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Hollywood, aproveitando essas incríveis produções alemãs, partiu para o mesmo lado com criações sombrias que marcaram o terror gótico, como O Gato e o Canário (1927) e O Homem que Ri (1928), ambos filmes do diretor imigrante alemão Paul Leni, que trouxe uma pitada do estilo alemão para os Estados Unidos.
Um ator muito importante que esteve presente neste momento do cinema de terror, conhecido também como “homem das mil faces”, foi Lon Chaney. Seus filmes mostraram grandes avanços de cenografia e montagem gótica, como O Corcunda de Notre Dame (1923), O Fantasma da Ópera (1925) e Londres Depois da Meia Noite (1927).
Em 1931, outro sucesso adaptado da literatura gótica chegou às telonas. Dirigido por Rouben Mamoulian e baseado no romance homônimo de Robert Louis Stevenson, O Médico e O Monstro trouxe mais uma figura icônica para o terror gótico no cinema: o Dr. Jekyll e sua transformação macabra em Mr. Hyde, rendendo o Oscar de melhor ator para Fredric March, primeiro ator do gênero a conquistar o prêmio da academia.
Como muitos sabem, a Universal foi uma das grandes produtoras de terror do início da era sonora no cinema, dando vida aos clássicos monstros que tanto fizeram sucesso. Em 1931, foram lançados duas importantíssimas obras do gênero que fixaram as bases do terror gótico no cinema: Drácula dirigido por Tod Browning (inspirado no romance homônimo de Bram Stoker) e Frankenstein, dirigido por James Whale (também inspirado no romance homônimo de Mary Shelley).
O que Frankenstein fez foi algo inovador no terror gótico: retratou o monstro como uma vítima da sociedade, trazendo um eterno sentimento de piedade pelo mesmo. Nesse filme, dirigido magistralmente por James Whale e considerado a principal obra do terror gótico, temos a história de um cientista que realiza a reanimação de várias partes distintas de diversos cadáveres, dando vida ao Monstro horripilante mas, ao mesmo tempo, gentil e doce.
Como o sucesso foi enorme de ambos os filmes, a Universal aproveitou para seguir a mesma linha e criou diversas obras góticas com locações assombrosas, cenários macabros e objetos cênicos de dar inveja a qualquer produção de terror atual, Os Assassinatos da Rua Morgue (1932), A Múmia (1932) e A Noiva de Frankenstein (1935) são belos exemplos disso.
Outra característica importante e quase fundamental dos filmes e da literatura gótica é o foco na sexualidade. A mistura do predador masculino e da vítima feminina histérica mostrou uma forte conotação sexual em filmes como O Médico e o Monstro (1931). O grito profundo dado pelas vítimas femininas indefesas era visto por muitos como uma repressão sexual.
Isso foi, então, um pouco sobre o terror gótico no cinema. Você já assistiu algum filme citado? contra pra gente.
Referência Bibliográfica: Livro Tudo Sobre Cinema, de Philip Kemp, lançado no Brasil pela editora Sextante.
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