Os Sete Samurais
Akira Kurosawa já havia apresentado ao cinema algumas obras que o tornaram relevante e chamaram a atenção das grandes produtoras, entre elas “O Anjo Embriagado” (1948), “Rashomon” (1950), “O Idiota” (1951) e “Viver” (1952), mas é praticamente indiscutível que “Os Sete Samurais” (1954) é a sua obra prima, sendo o ápice da produção japonesa e o filme mais caro realizado até aquele momento. Um dos principais exemplares do cinema japonês e também do cinema mundial sem exageros.
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É sabido que entre Yasujiro Ozu, Hideo Gosha, Kenji Mizoguchi, Yasuzo Masumura e Akira Kurosawa (os grandes e principais diretores japoneses), Akira se destaca como sendo um dos mais “ocidentais”, grande parte de sua filmografia é composta por obras com certo apelo ocidental que muitas vezes não agradou o público japonês, mas em “Os Sete Samurais” o diretor conseguiu entregar um grande presente evidenciando a história do Japão.
As mais de 3 horas de duração do longa (o que para muitas pessoas pode parecer maçante à primeira vista) é composta por uma história um tanto quanto simples: uma vila feudal japonesa no século XVI que está prestes a ser saqueada por ladrões, perdendo assim toda a produção de alimentos do ano.
De forma bastante realista e cruel, Kurosawa nos mostra a decadência de uma comunidade em um estado pós-guerra que chega a ser doloroso assistir. Uma pobreza sem igual comandada por uma população totalmente sem esperanças.
Como já dito, o filme nos apresenta uma vila que está a beira do caos e precisa de uma grande ajuda de samurais para defendê-la do inevitável ataque de bandidos que virão roubar as produções agrícolas. Entretanto, resultado da pobreza imensa, não podem oferecer nada além de comida a esses guerreiros japoneses.
A difícil tarefa de encontrar samurais dispostos a ajudar essa comunidade logo começa e o primeiro candidato é o velho e experiente Kambei Shimada (interpretado por Takashi Shimura, que já havia trabalhado com Kurosawa em alguns longas como Viver e Rashomon). Ele tem o papel de conquistar novos guerreiros para que juntos possam combater 40 bandidos.
Valores pessoais e comunitários estão extremamente bem empregados pelos samurais que aceitam a colocar sua vida em prol de uma pequena comunidade, sem receber nada em troca, apenas alimentação – ainda que precária. Esse é um dos pontos fortes desse filme, sem contar a delicadeza na construção de certos personagens e a profunda psicologia em cada um deles.
Kikuchiyo (Toshirô Mifune, um dos grandes companheiros do diretor em grande parte de sua carreira) é um dos personagens mais simbólicos desse filme e um dos mais divertidos da história do cinema. Ele é o último integrante do grupo dos samurais (ainda que não seja verdadeiramente um desses guerreiros). De abobalhado a extremo ajudante, vamos conhecendo a história de Kikuchiyo aos poucos e entendo certas atitudes.

Por mais que o filme tenha um tom sério e melancólico, certas cenas cômicas ajudam a não ser extremamente pesado. Mas, ainda assim, Os Sete Samurais é uma obra carregada de verdades, com grande apelo social e que possui uma bela composição de técnicas cinematográficas a lá Kurosawa, sem contar a fotografia esplêndida de Asakazu Nakai e a trilha sonora icônica e inesquecível de Fumio Hayasaka que consegue manter a tensão do espectador durante toda a longa filmagem.
É impossível falar de Os Sete Samurais sem ao menos citar a belíssima cena da batalha final, com uma direção exemplar, as corridas de cavalos embaixo de chuva no meio da vila tomada pelo caos possuem uma realidade imensa que nos questiona como era possível fazer isso naquela época, mostrando o motivo de Kurosawa ser um dos maiores mestres do cinema de todos os tempos.

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Nota final
Não é à toa que persiste nas listas dos maiores filmes de todos os tempos. Uma aula de direção e uma história extremamente cativante com personagens inesquecíveis. Uma lenda do cinema japonês.
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Direção
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Roteiro
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Elenco
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Trilha Sonora