Esta postagem é uma espécie de porta de entrada para quem tiver interesse em conhecer melhor o terror italiano no cinema, por isso – e para não estender demais o conteúdo – vou falar mais especificamente sobre o “triângulo” do terror italiano.
Eu chamo de triangulo simplesmente porque são 3 principais diretores que trabalharam com o terror e tornaram esse gênero tão famoso por lá na “era de ouro do terror italiano”. São eles: Mario Bava, Dario Argento e Lucio Fulci.
Mario Bava
Mario Bava é um dos grandes mestres cinematográficos do terror e do Giallo. Bava nasceu na cidade italiana San Remo um dia antes da Alemanha declarar guerra contra a França na Primeira Guerra mundial – dia 30 de julho de 1914. Seu pai, Eugenio Bava era escultor e acabou sendo um dos grandes operadores de câmera do cinema mudo italiano, mas não chegou a ter sucesso como diretor.
Mario Bava sempre quis ser pintor, até os seus 20 anos de idade mas o cinema estava ganhando cada vez mais espaço por lá e, por conta disso acabou aprendendo algumas técnicas com seu pai até virar diretor de fotografia em 1939.
Em 1956, Bava colaborou com o diretor Riccardo Freda (outro ícone importante do terror no cinema italiano da velha guarda) no filme I Vampiri (1957), o primeiro terror italiano com som, mas não teve seu nome nos créditos. Isso aconteceu com bastante frequência no inicio da carreira do Bava, ele ajudava diversos diretores e no final era deixado de lado.
Mas foi em 1960 que ele lançou o seu primeiro filme oficial “A Maldição do Demônio”, o último grande terror italiano em preto e branco e o qual deu sucesso internacional a atriz Barbara Steele, chegando a ser considerada a primeira rainha do horror.
O filme que é extremamente cultuado dentro do gênero mostra a história de vingança de uma bruxa que é condenada a morte. e logo no início a gente tem uma das cenas mais marcantes, quando amarram a personagem Asa, que é condenada por bruxaria, e colocam uma máscara cheia de pregos em sua cara finalizando com uma martelada. Antes de morrer, ela promete se vingar de todos aqueles que estão ali. É simplesmente um filme fenomenal e que merece a atenção de quem gosta de terror.
Outros filmes imperdíveis do diretor são As Três Máscaras do Terror (1963) e Olhos Diabólicos (1963), Seis Mulheres para o Assassino (1964), O Ciclo do Pavor (1966), Mata, Baby, Mata (1966) e Mansão da Morte (1971).
Dario Argento
Dario Argento é um cineasta completo, não é exagero dizer que é um dos grandes mestres do terror italiano e também mundial.
Argento nasceu na Roma, em 1940, filho de Salvatore Argento, um dos grandes produtores de cinema e da fotógrafa brasileira Elda Luxardo. Sempre nas suas entrevistas, o cineasta gosta de deixar claro algumas grandes influencias no seu trabalho e entre elas nada menos do que Alfred Hitchcock, Fritz Lang, Murnau e Edgar Allan Poe.
Antes de partir para a direção, Argento trabalhou como crítico de cinema até receber uma proposta do grande diretor Sergio Leone para escrever uma parte do roteiro de Era Uma Vez no Oeste.
O que mais me chama atenção nos filmes do Dario Argento é que ele sempre mescla o que há de melhor, como o uso de câmera extremamente elaborado, uma fotografia sempre marcante e claro, uma trilha sonora perfeita.
Com toda a certeza, um dos seus maiores sucessos é o clássico Suspiria (1977), que foi escrito pelo próprio diretor em parceria com sua esposa na época. Ele conta a história de Suzy Bannion que sonha em ser uma grande bailarina. Ela recebe um convite para uma academia importante de Paris, vai para a capital francesa mas as coisas não são como esperava.
Nessa obra, tudo de melhor em conceitos de produção cinematográfica acontece. As jogadas de câmera, a fotografia e a trilha sonora são basicamente impecáveis. Inclusive, quem compôs as músicas do filme foi a banda Goblin, a qual teve uma parceria muito importante na carreira do Dario Argento, participando também de outros filmes do diretor e se tornando um verdadeiro ícone da trilha sonora do terror.
Além de Suspiria, Prelúdio Para Matar (1975), A Mansão do Inferno (1980), Tenebre (1982) e Phenomena (1985), são outras dicas pra conhecer melhor a obra do tão cultuado cineasta italiano.
Lucio Fulci
Por último mas nem um pouco menos importante, Lucio Fulci. Conhecido também como o padrinho do “gore”, começou sua carreira cinematográfica após abandonar o curso de medicina e por mais que seja reconhecido por seus filmes de terror, ele iniciou na comédia.
A partir de 1969 ele começou a trabalhar com o gênero Giallo, nos filmes Uma Lagartixa num Corpo de Mulher (1971) e Premonição (1977), por exemplo. Um pouco antes disso ele comandou alguns faroestes, como Tempo de Massacre (1966) e Os Quatro do Apocalipse (1975).
Fulci sempre esteve envolvido com algumas polêmicas, isso porque gostava de expôr muita violência nas cenas e fazer também algumas críticas à religião. No filme Uma Lagartixa num Corpo de Mulher, por exemplo, o diretor teve problemas ao exibir cães mutilados com alta realidade, fato que o obrigou a provar que aquilo eram bonecos aliados ao poderoso efeito visual de Carlo Rambaldi.
O Estranho Segredo do Bosque dos Sonhos (1972), Pavor na Cidade dos Zumbis (1980), Terror nas Trevas (1981) e A Casa do Cemitério (1981). São bons motivos para você conhecer o trabalho desse diretor um tanto quanto excêntrico.
Lucio Fulci chegou a dirigir, também, uma sequência inesperada do clássico Despertar dos Mortos (1978) de George A. Romero, intitulada Zumbi 2 – A Volta dos Mortos (1979).
Resumindo, se você é um turista que gosta de visitar grandes obras de terror e ainda não conhece o terror italiano, saiba que está perdendo inúmeras preciosidades. Espero ter aguçado o seu paladar e plantado mais curiosidade em você para que conheça esses filmes.
> Não deixe de conferir a lista dos 20 melhores filmes do terror italiano.
Você já conhecia algum desses diretores? Já viu algum filme citado? Comente, vamos discutir 🙂
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1 comentário
Adoro esse tipo de filme! Obrigado pelo conteúdo 😉