Freud dizia que a maldade está guardada em todos nós, sem exceção. Mas ela pode, ou não, se rebelar algum dia. Estudos apontam que, no máximo, 10% das pessoas conseguem manter essa chama apagada.
Miss Violence é um filme grego de 2013, dirigido por Alexandros Avranas, portanto, é bem provável que você não encontre esta obra facilmente – já se passaram 3 anos e nada dele aqui no Brasil. É fato que se trata de um dos filmes mais pesados e chocantes que já assisti na vida e, provavelmente, ocupará tal posição por um bom tempo.
Estrelado por Themis Panou (o pai), Reni Pittaki (a mãe) e Eleni Roussinou (Eleni), o filme apresenta um belíssimo roteiro – tecnicamente falando – por não mostrar a sequência clássica e normal de um filme com início, meio e fim. Ele, primeiro, já nos mostra uma grande catarse, que é explicada ao longo da trama. Resumindo, o filme abre na cena de um aniversário: uma família aparentemente normal brindando e celebrando o aniversário de 11 anos de Alkmini (Kalliopi Zontanou), uma das filhas de Eleni e neta do casal mais velho.
Ok, tudo normal e maravilhoso até aqui, porém, sem explicação nenhuma, a aniversariante, inesperadamente, se joga da sacada e, consequentemente, morre (isso não é spoiler, é tudo mostrado no trailer que você confere abaixo). A partir de agora, no filme, tudo vai começando a fazer sentido com o propósito de explicar essa atitude da menina.
O mais interessante é como tudo isso vai sendo mostrado para o espectador, pois o roteiro não tem pressa nenhuma e por isso, muitas vezes durante o filme, você fica bastante incomodado e sem saber exatamente o que está acontecendo: quem é pai de quem, quem é filha de quem, e por aí vai. Mas, a partir da primeira oportunidade, você começa a entender, mesmo sem querer acreditar que possa ser isso que está pensando, e tudo começa a piorar.
A parte técnica e visual do filme é bastante consistente e interessante, a fotografia mostra paletas de cores um tanto quanto “dessaturadas“, dando um ar melancólico ao filme. Na maior parte das cenas, a câmera fica estática com cortes secos, tirando algumas partes que mostram belíssimo planos-sequência.
Acredito que o verdadeiro propósito dessa obra seja fazer a gente perder um pouco a fé na humanidade ou mostrar que o mundo não é só isso que a gente conhece “superficialmente”. Um filme chocante, mas necessário. Foi vencedor de diversos prêmios, incluindo Melhor filme euro-mediterrâneo no Festival de Veneza, melhor roteiro no Festival de Estocolmo, prêmio de inovação no Festival de Montreal e melhor filme Helênico.
Ainda estou em choque. Agora é a sua vez.
Um filme brutal, que mostra uma realidade presente no nosso mundo e que muitas vezes, ignoramos. Vale a pena assistir para mudarmos o nosso olhar sobre a humanidade.
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IMDb
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Roteiro
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Elenco
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Fotografia
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Trilha Sonora
1 comentário
Mesmo com o país em crise, a Grécia com sua “estranha onda negra” produz filmes de baixo custo porém espetaculares. Uma pena o filme ser tão complicado de achar, pois Miss Violence é um grande exemplo de sétima arte, necessário de vê-lo mas não iria querer repetir.