Manhattan é tecnicamente maravilhoso, tem de tudo que o cinema precisa: uma fotografia incrível de Gordon Willis (O Poderoso Chefão), trilha sonora impecável que cria toda uma identidade para o filme e diálogos marcantes que são características fundamentais de Woody Allen.
O filme conta a história da vida bagunçada de Isaac (Woody Allen), um cidadão comum de Nova York que tem um bom emprego, já se separou 2 vezes, não consegue se encaixar em relacionamentos (uma de suas ex-mulheres o deixou para ficar com outra mulher) e sonha em escrever um livro.
As primeiras cenas do filme são especiais para quem gosta de Nova York (ok, o filme todo é), enquanto Isaac tenta decidir o nome do primeiro capítulo do seu livro, vemos belíssimas imagens da cidade, em preto e branco e enquadramentos perfeitos.
– “Capítulo 1. Ele adorava a cidade de Nova York. Ele a idolatrava de maneira fora de proporção. Hã, não, ele a romantizava de maneira fora de proporção. Melhor. Para ele, não importava qual fosse a estação, aquela era uma cidade que existia em preto e branco e pulsava às grandes melodias de George Gershwin. Ah, não, vamos começar de novo.”
– ” Capítulo 1. Ele via Manhattan de uma forma romântica demais, como ele fazia com tudo o mais. Adorava o ruído das multidões e do tráfego. Para ele, Nova York significava belas mulheres e sujeitos da rua espertos que pareciam conhecer todos os ângulos. Ah, está piegas, piegas demais para o meu gosto. Vamos tentar fazer ficar mais profundo.”
– “Capítulo 1. Ele adorava a cidade de Nova York. Para ele, era a metáfora da decadência da cultura contemporânea. A mesma falta de integridade individual que levava tantas pessoas a escolher a saída mais fácil estava transformando a cidade de seus sonhos em… Não, está com tom de pregação, e eu quero que o livro venda (…)”
Após a tentativa – e mais uma série de imagens da Nova York setentista – somos apresentados a Isaac, seu amigo Yale (Michael Murphy), a mulher de Yale, Emily (Anne Byrne) e a jovem de 17 (quase 18) anos Tracy (Mariel Hemingway) com quem nosso protagonista está tendo um caso. Estão sentados numa mesa do restaurante Elaine’s, local que esteve aberto de 1963 até 2011.
O filme gira em torno desses dois casais de forma cômica e divertida, ainda que fiquemos com bastante raiva das decisões precipitadas e um tanto quanto egoístas de Isaac, nada acaba estragando a essência do filme: um romance leve, divertido e inteligente.
Para quem gosta de referências, esse filme é recheado. Enquanto passeiam pelas ruas de NY, Isaac, Tracy, Yale e sua amante Mary (Diane Keaton) conversam abertamente sobre suas vidas, mas quando Isaac conta que Tracy tem menos da metade de sua idade, Mary provoca “Em algum lugar Nabokov está sorrindo, não é?”. Quem leu Lolita entendeu.
No mesmo instante, Yale e Mary afirmam ter criado a “Academia dos Supervalorizados”, e num papo pseudo-intelectual citam nomes de lendas como o maestro Gustav Mahler, o escritor F. Scott Fitzgerald, o psiquiatra Carl Jung e outros. Isaac começa a ficar ofendido quando criticam Van Gogh e, pior ainda, quando falam do diretor Ingmar Bergman. Não era de se surpreender, sabemos que o próprio Woody Allen é grande fã do diretor sueco, “O Sétimo Selo” está na sua lista dos 10 filmes preferidos, veja aqui.
Meryl Streep que viveu o papel de Jill, a ex-mulher do protagonista, é mal aproveitada no filme, uma das maiores atrizes de Hollywood estava no começo de sua carreira mas já tinha brilho nos olhos e, infelizmente, não apareceu muito durante as quase duas horas. Com certeza deixou um gosto de “quero mais”.
Manhattan utiliza diversos elementos para contar a história de Isaac, dentre os principais estão as relações entre homens e mulheres, os personagens complexos e distintos e os desejos sexuais que trazem consigo algumas consequências. Um filme memorável.
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Um filme repleto de diálogos inesquecíveis que só Woody Allen consegue proporcionar, fotografia magnífica e trilha sonora ideal. Uma das grandes obras-primas do cinema.
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IMDb
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Roteiro
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Elenco
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Fotografia
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Trilha Sonora