Kubrick não erra, pode parecer exagero, mas a qualidade de produção audiovisual deste longa de 3 horas é deslumbrante. A insistência do diretor (ou loucura para muitos) levou à perfeição.
Como grande parte da filmologia do diretor, Barry Lyndon também traz uma temática que tenta mostrar a realidade de muitas pessoas não só na época em que se passa, mas também no contexto atual da sociedade.
Concordo com Martin Scorsese quando diz que a emoção desse filme é veiculada pelo movimento da câmera, lentidão do ritmo e a maneira como os personagens evoluem no decorrer da trama. Porém ninguém entendeu isso quando o filme foi lançado, ainda hoje muitos não o compreendem. “É um filme terrível, pois toda aquela beleza iluminada por velas é apenas um véu dissimulando a crueldade mais abjeta. Mas uma crueldade verdadeira, daquelas cujos estragos podemos constatar todos os dias na boa sociedade”.
Concorreu 7 Oscars, levando 4 destes: Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografia, Melhor Figurino e Melhor Tema Musical.
Se não quiser ter alguns spoilers, pare de ler por aqui e VÁ ASSISTIR AO FILME, volte depois.
Barry Lyndon conta a trajetória de Redmond Barry e todos os altos e baixos que acontecem em sua vida. Foi baseado na obra de William Makapeace Thackeray.
Ele é claramente dividido em duas partes, começando pelo belo e pobre irlandês, Redmond Barry (Ryan O´Neal) que, após apaixonar-se por sua prima, acaba participando de um duelo contra um oficial do exército inglês (este estava para se casar com sua prima). “Vencendo” o duelo, se vê obrigado a refugiar-se em Dublin. Sua mãe lhe dá todas as suas economias antes de sua fuga. No trajeto, Redmond é assaltado com toda a polidez do mundo.
Redmond participa da guerra dos 7 anos entre a Inglaterra e a França. Ele passa por mensageiro inglês – que tinha livre acesso a qualquer território com o pretexto de levar documentos importantes. Conhece uma linda jovem que tinha seu marido na guerra, mantém um caso com essa holandesa até que é pego por um oficial prussiano (Hardy Kruger) que desconfiou das mentiras de Barry.
Redmond tem agora que lutar pelo exército da Prússia, um dos que pior tratava os seus oficiais. No entanto, pelo fato de ter salvado o oficial prussiano que o denunciou, ele ganha condecoração, dinheiro e um trabalho de espião. Sua missão é averiguar as atividades ilícitas do Chevalier de Balibari (Patrick Magee). No final das contas os dois tornam-se amigos e comparsas no carteado. Redmond é o serviçal que fica de olho no jogo nas mãos das maiores autoridades européias, que tentavam superar o famoso Chevalier de Balibari.
Ao fugir da Prússia, decide que irá casar-se com uma mulher rica. Flerta, então, com a milionária Lady Lyndon (Marisa Berenson), que nessa altura ainda era casada com Sir Charles Lyndon (Frank Middlemass). As coisas seriam ótimas não fosse pela presença do filho de Lady Lyndon, Lord Bullingdon (Leon Vitali), de 7 anos de idade. Ele foi a pedra no sapato de Redmond durante o resto de seus dias. Tempos se passaram e a paixão entre Barry e Lady Lyndon cresce culminando no nascimento de seu filho. No entanto, a felicidade não vai durar para sempre.
Bullingdon (o filho de Lady Lyndon) cresce, e com ele cresce o sentimento de ódio pelo padrasto Barry que fugiu de casa e mais tarde volta para cobrar todo o sofrimento que o fez passar. Convida-o para um duelo. Numa cena lenta, porém riquíssima de detalhes e emoções o jovem acaba por acertar a perna de Barry, culminando na perda da mesma.
Daí em diante só dívidas e perdas acontecem para o protagonista, que passou sua vida na metamorfose de água para vinho, ou melhor, de vinho para água.
São 3 horas de um belo audiovisual, no estilo que tanto gostamos: o estilo Kubrick de fazer cinema, perfeccionismo absoluto.
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IMDb
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Elenco
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Fotografia
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Trilha Sonora
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Roteiro