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    Cinema

    A Paixão de Joana d’Arc – 1928 (Resenha)

    Lucas Pilatti MirandaPor Lucas Pilatti Miranda28 de fevereiro de 2025
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    Entre as inúmeras adaptações da história de Joana d’Arc para o cinema, nenhuma se compara ao impacto emocional e estético de A Paixão de Joana d’Arc (La Passion de Jeanne d’Arc, 1928), dirigido pelo dinamarquês Carl Theodor Dreyer. Longe dos épicos grandiosos que poderiam transformar sua história em espetáculo visual, Dreyer opta por uma abordagem intimista e sufocante, recriando os momentos finais da heroína francesa com um realismo brutal.

    O filme não é apenas um dos maiores feitos do cinema mudo, mas também uma revolução na linguagem cinematográfica, influenciando gerações de cineastas e estabelecendo novos paradigmas para a arte da interpretação, do enquadramento e da mise-en-scène.

    O Contexto Histórico e o Realismo do Filme

    A história de Joana d’Arc é um dos relatos mais emblemáticos da Idade Média. Jovem camponesa que alegava receber mensagens divinas, Joana liderou tropas francesas contra os ingleses na Guerra dos Cem Anos. Capturada, foi entregue à Igreja para um julgamento conduzido por clérigos que, sob forte influência política, a condenaram por heresia. Queimada na fogueira em 1431, foi canonizada séculos depois.

    Dreyer baseia seu filme em transcrições autênticas do julgamento, garantindo uma fidelidade documental raramente vista no cinema da época. O roteiro, longe de romantizar sua figura, mergulha na brutalidade psicológica do processo inquisitório, apresentando um tribunal implacável que reduz Joana à beira da loucura e do desespero.

    A Direção de Carl Theodor Dreyer: A Experiência do Martírio

    Dreyer tinha um objetivo claro: capturar não apenas a história de Joana, mas sua dor, sua fé inabalável e o peso de sua condição humana. Para isso, ele adota um estilo radical, eliminando qualquer excesso narrativo ou visual.

    A câmera de Dreyer se mantém incrivelmente próxima dos rostos, explorando expressões faciais com intensidade desconcertante. Não há grandes batalhas ou sequências espetaculares – apenas um jogo de olhares, lágrimas e suor, tornando o espectador um observador íntimo do sofrimento da protagonista.

    Os cortes rápidos e a ausência de composições tradicionais desafiam as convenções do cinema clássico, criando um filme que se sente quase documental. Os ângulos desconcertantes e a câmera inquieta tornam a experiência claustrofóbica, aprisionando o espectador no mesmo tribunal implacável que atormenta Joana.

    Maria Falconetti: A Maior Performance do Cinema Mudo?

    Se A Paixão de Joana d’Arc é amplamente reconhecido como um dos filmes mais poderosos da história, grande parte desse mérito vem da atuação visceral de Maria Falconetti. Sua Joana é uma mulher consumida pela angústia, exibindo uma gama emocional que atravessa a tela e se infiltra na alma do espectador.

    Dreyer, conhecido por seu perfeccionismo extremo, submeteu Falconetti a um processo exaustivo. Ele a obrigou a se ajoelhar sobre pedras irregulares, a repetir cenas incontáveis vezes e a eliminar qualquer artifício teatral. O resultado foi uma performance crua e autêntica, repleta de microexpressões que transformam cada close em um mergulho profundo no espírito da protagonista.

    A intensidade foi tanta que Falconetti nunca mais atuou no cinema. Sua Joana d’Arc continua a ser um dos maiores feitos da interpretação cinematográfica, evocando uma dor quase tangível.

    A Estética Revolucionária: Uma Pintura em Movimento

    A fotografia de Rudolph Maté é um espetáculo à parte. Ao contrário dos filmes históricos tradicionais, Dreyer evita o excesso de cenários monumentais, optando por um minimalismo visual que concentra toda a atenção nos rostos e nos sentimentos.

    O uso de closes extremos foi uma das escolhas mais ousadas do filme. Enquanto no cinema da época os enquadramentos eram mais amplos, Dreyer ignorou a norma, restringindo o espaço visual e criando uma atmosfera de opressão.

    Além disso, a iluminação forte e contrastante elimina as sombras tradicionais do cinema expressionista alemão, criando um realismo quase documental. Cada frame parece uma pintura viva, evocando as iluminações dramáticas de Caravaggio e a crueza dos ícones medievais.

    Assim como sua protagonista, A Paixão de Joana d’Arc sofreu nas mãos da intolerância. O filme foi censurado em diversos países, acusado de blasfêmia e de uma representação excessivamente realista da tortura inquisitorial. Para piorar, o negativo original foi destruído em um incêndio, tornando a obra um dos muitos filmes perdidos da história.

    No entanto, em 1981, uma cópia quase intacta foi milagrosamente encontrada na Noruega, permitindo que a obra fosse restaurada e finalmente reconhecida como o clássico absoluto que é.

    O Legado de A Paixão de Joana d’Arc

    O impacto de A Paixão de Joana d’Arc pode ser visto em diversas gerações de cineastas. Ingmar Bergman, Robert Bresson, Lars von Trier e até diretores contemporâneos como Paul Schrader e Terrence Malick carregam em suas obras traços do rigor estético e emocional de Dreyer.

    O filme é a prova definitiva de que o cinema não precisa de palavras para transmitir sentimentos profundos. O silêncio, quando preenchido por imagens tão intensas, pode gritar mais alto do que qualquer diálogo.

    Assistir a A Paixão de Joana d’Arc é mais do que ver um filme – é vivenciar o martírio de uma alma, a força de uma crença e o poder absoluto da imagem cinematográfica.

    Nota final

    9.5 Espetacular

    Uma obra que atravessa gerações e que marcou o cinema mudo. Impactante, realista e completamente necessário para conhecer a história da sétima arte.

    • Direção 9
    • Elenco 10
    • Fotografia 10
    • Roteiro 9
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    Criador do Canto dos Clássicos, fascinado por música, cinema e uma boa cerveja. "A vida passa rápido demais, se você não parar e olhar para ela de vez em quando, pode acabar perdendo." - Ferris Bueller's Day Off.

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