Após “O Regresso”, Mad Max é o filme que recebeu mais nominações ao Oscar (10 ao total) – e, obviamente, gera inúmeras discussões entre o público. De qualquer forma, há alguns pontos muito interessantes que podemos abordar sobre o longa: o empoderamento feminino, as várias referências (explícitas e implícitas) sobre a destruição do mundo pelo homem, a luta dos personagens contra os próprios demônios e como os valores mudam de acordo com a situação que uma “sociedade” se encontra.
Mas antes de falar sobre esses pontos, vamos à história – sem spoilers. Num universo pós-apocalíptico em que a única cidade é comandada pelo monstruoso Immortan Joe e a escassez de água, comida e segurança são a única certeza, a palavra mais adequada para definir Mad Max talvez seja sobrevivência. Dito isto, dois rebeldes podem ser os únicos capazes de restaurar a “ordem”: Furiosa (Charlize Theron), uma mulher de garra que luta por seus ideais e Max (Tom Hardy), um cara de ação e poucas palavras. Juntos, eles vão de encontro ao Imperador Immortan e todo o fucking sistema.
O filme trabalha muito bem o bruto, a sujeira, a seca o desespero. Tudo isso é facilmente percebido graças à absurda produção envolvida. Semelhante ao ‘Regresso, o filme é colossal. Tudo é gigantesco, o som é altamente imersivo e as cenas de ação realmente entretêm. Imagina o TRABALHO que deu filmar as cenas de perseguições com uma COREOGRAFIA de carros – artistas do Cirque du Soleil foram contratados como dublês para que as montagens fossem as mais realistas possíveis. Parece que muita gente tem preconceito com filmes estritamente de ação concorrendo ao Oscar, mas afinal, o Cinema existe de acordo com a percepção de cada um. Se você saiu de casa, comprou sua pipoca e teve uma ótima experiência assistindo a um filme, de que importa o gênero?
Mas Mad Max vai além. É óbvio que a figura da mulher é forte nesse filme. É óbvio que foi proposital e é óbvio que isso é uma tendência – boa, por sinal. É interessante o fato do personagem Max levar o nome do filme quando, na verdade, ele é não é o protagonista, mas um co-protagonista. Os highlights são divididos com Furiosa entre brigas, fugas e tiroteios. E para não dizer que eles são apenas incríveis, há momentos em que ambos desabam em conflitos pessoais, reforçando que o filme tem, sim, uma história.
O tema “pós-apocalíptico” é abordado em muitos outros filmes. Em Mad Max, o futuro devastado é próximo e tudo gira em torno de água e gasolina. Uma das falas mais longas de Max é: “Esperança é um erro. Se você não conseguir consertar o que está quebrado, você ficará louco”. Trazendo para o contexto da nossa sociedade, por exemplo, pode significar que não adianta pensarmos em prosperidade se as nossas bases estão puídas. Não adianta se iludir com um futuro melhor, mais justo, mais vivo se tudo o que fazemos é destruição… “Who killed the world?”.
Tem bastante gente falando que esta edição do Oscar é fraca. Tudo bem, é compreensível. De qualquer forma, Mad Max é uma boa pedida. Creio que não leva o de Melhor FIlme, mas certeza que não vai para casa de mãos vazias. Dispõe de ótimas cenas de ação, boa edição e boa história. O que levar, levou. Sem hating da minha parte. O que vocês acham?
Must see. Acho que as pessoas vão continuar falando de Mad Max por bastante tempo ainda.
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IMDb
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Roteiro
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Elenco
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Fotografia
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Trilha Sonora
1 comentário
Ótima crítica, só achei que faltou falar de uma figura que, para mim, é fundamental. Nux (Nicholas Hoult). Como você bem disse, a figura principal do filme não é Max, apesar de nomear o filme. Além de Furiosa, que aparece como a síntese da representação feminina, Nicholas Houltno papel de Nux rouba a cena com seu “amor platônico” por uma das “amas de leite”. Isso é marcante nas cenas finais do filme, em que o ator transmite muito a força desse “amor proibido”.