Pois é, ao contrário do que todo mundo acha, Mad Men não é uma série desenvolvida para publicitários. É muito mais do que isso, é para engenheiros, arquitetos, designers, psicólogos, enfim, é uma série para todo mundo. Simples, Mad Men não é uma série sobre uma agência de publicidade, mas sim sobre um personagem totalmente complexo.
Don Draper (Jon Hamm) é o protagonista, um cara bonito, esperto e completamente misterioso, começando pelo fato de não ser quem ele realmente diz ser. Tem grana, é reconhecido em seu trabalho, tem uma mulher maravilhosa, a Betty Francis (January Jones) e, se não bastasse, é desejado por todas as outras mulheres maravilhosas que encontra durante a série. Mesmo tendo tudo o que um homem gostaria de ter, ele não está satisfeito: é alcoólatra e está sempre a um passo do suicídio, mesmo que implicitamente.
A estética de Mad Men é surpreendente, o belo está presente em tudo. Seja na arquitetura, nos vestuários ou nas formas de marketing das agências da época. Mas por outro lado, o belo também é aquilo que é feio e grotesco, assim como a outra face de Don Draper.
A era transestética prova que os consumidores estão cada vez mais sedentos por beleza e estilo em seus produtos, Mad Men é uma prova disso, Don Draper é uma prova disso. A arte está totalmente voltada para a lógica do mercado, assim como sugeriu Gilles Lipovetsky e o professor Jean Serroy no livro “A Estetização do Mundo: Viver na Era do Capitalismo Artista”. Quando Draper está em suas variadas tentativas de conquistar algum cliente, o embelezamento do produto, seja lá qual for, é sempre o que chama mais a atenção, assim como todos os jantares em restaurantes chiques, o cigarro como um símbolo, o drink como uma peça fundamental e daí por diante.
Mad Men criou um dos maiores anti-heróis da cultura. Um ícone repleto de aberturas para serem estudadas, assim como cada episódio da série, desde o início, com a abertura peculiar e tensão sonora, até a última cena do último episódio, onde Draper parece ter achado o seu rumo, mas, na realidade, ele sempre será Dick Whitman: um cafajeste alcoólatra insatisfeito com tudo o que tem.
4 Comentários
Não concordo. Sim, Don Draper continua Dick Whitman porém já não mais o mesmo, o último episódio da série é mais sensacional ainda pois reflete justamente isso, o momento de serenidade que Draper se encontra,
Valeu pelo comentário, Arthur. Mas ainda acho que ele sempre será aquilo que conhecemos no decorrer da série. Afinal, durante os episódios, várias vezes Don pareceu ter encontrado seu rumo, mas dava 2/3 capítulos e ele voltava a fazer as coisas de costume. Vai da interpretação de cada um… Naquele momento final, sim, temos um outro Don, assim como tivemos “outro Don” em várias partes da série, como no começo do casamento com Megan, por exemplo. Mas logo passou aquela “serenidade” e ele já voltou a trair e beber como antes.
Hmm entendi seu ponto. Como voce falou, diferentes interpretações hahah ainda vejo diferente, até pela sutileza da cena. Mas enfim, melhor série!
Finais abertos como o de Mad Men ou Sopranos são cativantes, pois são relativos, assim como nossas verdades, vai da mente de cada um decidir o veredito final.