Se você já estudou um pouco sobre a história do cinema, provavelmente já escutou o nome do lendário diretor japonês Akira Kurosawa. Durante 50 anos de carreira, ele dirigiu em torno de 30 filmes que marcaram o cinema para sempre e vivem influenciando outras gerações de diretores por todo o mundo.
“Para mim, a criação de filmes mistura tudo. Essa é a razão pela qual eu tornei o cinema o trabalho da minha vida. Nos filmes, pintura e literatura, teatro e música andam juntos. Mas um filme continua sendo um filme.”
– Akira Kurosawa
Akira Kurosawa foi descendente de samurais e começou sua carreira como desenhista de storyboards. A partir de 1943, sua carreira como diretor de cinema começou a nascer com o filme “A Saga do Judô”, que retrata uma série de descobertas: das artes marciais, do judô, da natureza e do amor. Em pouco tempo ele adquiriu status suficiente para garantir liberdade de criação em suas produções.
Conhecido como o mestre dos samurais do cinema, Akira Kurosawa trouxe em sua obra uma verdadeira aula sobre a cultura japonesa de uma forma única e essencial para todos os amantes da sétima arte.
Para começar a se aprofundar na filmografia de Akira Kurosawa, separamos 10 filmes essenciais da sua carreira.
Rashomon (1950)
Japão, século XI. Durante uma forte tempestade, um lenhador, um sacerdote e um camponês procuram refúgio nas ruínas de pedra do Portão de Rashomon. O sacerdote diz os detalhes de um julgamento que testemunhou, envolvendo o estupro de Masako e o assassinato do marido dela, Takehiro, um samurai. Em flashback é mostrado o julgamento do bandido Tajomaru, onde acontecem quatro testemunhos, inclusive de Takehiro através de um médium. Cada um é uma “verdade”, que entra em conflito com os outros.
Viver (1952)
Kanji Watanabe é um burocrata de longa data que não liga para nada que não o interesse. Quando descobre que está com câncer, decide construir um playground em seu bairro, tentando descobrir um sentido para sua vida. Desengavetando o projeto de anos atrás, ele enfrenta diversos problemas para conseguir construir o parquinho, começa a se envolver mais com os habitantes do local, inclusive brigando com sua família e superiores, por terem considerado que ele enlouqueceu com a notícia.
Os Sete Samurais (1954)
Durante o Japão feudal do século XVI, um velho samurai chamado Kambei (Takashi Shimura) é contratado para defender uma aldeia indefesa que é constantemente saqueada por bandidos. Contando com a ajuda de outros seis samurais, Kambei treina os moradores para resistirem à um novo ataque, que deve acontecer muito em breve.
Trono Manchado de Sangue (1957)
Baseado na obra Macbeth, de Shakespeare, conheça a história de Washizu e Miki, dois samurais que, durante uma missão, têm uma visão sobre uma velha senhora no meio da floresta. Ela profetiza um ambicioso futuro, o que faz com que os samurais fiquem com isso na cabeça e, inconscientemente, comecem a agir para que ele se torne realidade. Sangrentas guerras, ambição e loucuras se entrelaçam perfeitamente em um dos melhores filmes do mestre Kurosawa.
A Fortaleza Escondida (1958)
Durante o Japão do século XVI, um poderoso homem escolta uma bela princesa fugitiva em meio ao território inimigo a caminho de casa. Em sua viagem cruzam dois medrosos fazendeiros, que estão tentando retornar para casa depois de fugirem da Guerra Feudal. Principal inspiração de George Lucas para criar o seu “Star Wars”, combinando humor, drama e muita ação.
Yojimbo – O Guarda-Costas (1961)
Um samurai desempregado (Toshirô Mifune) chega a uma cidade à procura de um trabalho, só que esta se encontra dividida entre dois mercadores rivais. O samurai oferece os seus serviços para ambos, envolvendo-se em sangrentas batalhas e aproveitando-se totalmente da situação. Inspirou obras famosas, como Por um Punhado de Dólares, de Sérgio Leone, e Kill Bill, de Quentin Tarantino.
Sanjuro (1962)
Depois de superar todos os desafios de filme anterior, Yojimbo, o samurai Sanjûrô Tsubaki (Toshirô Mifune) une-se a um grupo de jovens idealistas que estão determinados a acabar com a corrupção que há em sua cidade. Porém, este cínico samurai está muito aquém dos conceitos ideais que esses jovens têm de um nobre guerreiro.
Céu e Inferno (1963)
Baseado em uma obra de Ed McBain, conta a história de Gondo (Toshirô Mifune), diretor de uma fábrica de sapatos, que tem o seu filho sequestrado em um ponto crucial para o andamento dos negócios. A quantia exigida por eles é enorme, mas Gondo decide abrir mão de seus negócios para resgatar o filho, mas uma grande surpresa na hora do pagamento pode mudar todos os rumos dessa história.
Kagemusha, a Sombra de um Samurai (1980)
Durante o Japão medieval, um importante lorde falece em meio à uma decisiva guerra. Prevendo que isso pudesse acontecer, ele deixa uma ordem de que, se realmente falecesse, alguém deveria se passar por ele e, assim, evitar a queda de seu reinado. Nesse momento entra na história um pobre ladrão, sósia do grande lorde, que encontra uma situação incrivelmente mais difícil do que qualquer um poderia imaginar.
Ran (1985)
É a adaptação para o cinema da obra trágica de Shakespeare, Rei Lear, transposta para o Japão na época dos samurais. Já velho, o chefe da família Ichimonjis decide dividir todos os seus preciosos bens entre seus três filhos, o que gera uma disputa sangrenta entre os irmãos, até um trágico desfecho.