Este filme não precisa de resenha alguma. Eu vou só deixar a recomendação aqui para que vocês assistam depois. Ok, NÃO! IMPOSSÍVEL! É preciso falar sobre o American Pop, pois quase não se fala mais dele. Então vamos lá.
Dirigido pelo grande Ralph Bakshi, famoso por suas adaptações animadas de Senhor dos Anéis e Cool Word, o longa trata do surgimento e desenvolvimento da música popular americana, profundamente entrelaçada às gerações de uma família de raízes judaicas, emigrantes russos que fugiram de um massacre em seu país. Tudo tem início a partir do momento em que o pobre garoto Zalmie, por obra do “acaso”, começa a ganhar a vida distribuindo panfletos nas noites de esbórnia da Nova Iorque de 1900.
Encantado por este estilo de vida, Zalmie luta para ganhar fama e riqueza atuando como comediante e músico em vaudevilles – shows de variedades- até que uma lesão durante a Primeira Guerra Mundial acaba com sua carreira de cantor. Após regressar a Nova Iorque, Zalmie apaixona-se por uma stripper e tem seu único filho, Benny, que se revela um talentoso pianista e ingressa em um grupo de jazz. Sua vida, no entanto, é curta, pois Benny morre durante a Segunda Guerra Mundial, deixando órfão de pai o pequeno Tony. Pronto, agora a história vai se desenvolver em torno de Tony, seu empenho em tornar-se um famoso escritor de musicas e como ele “adota” e cuida de Pete, um garoto que anseia virar um rockstar.
American Pop é sensacional em vários aspectos, então vamos começar pela animação.
Bakshi utilizou para este filme uma técnica um pouco discriminada, atualmente, por alguns especialistas em animação, chamada “rotoscopia“, que consiste em redesenhar quadros de filmagens a partir de referências filmadas por meio de um equipamento específico. Isso quer dizer que as cenas eram gravadas com atores reais e, posteriormente, transformadas em animação. A vantagem desse tipo de recurso é que as expressões e movimentos ficam MUITO semelhantes aos nossos, deixando o filme com uma cara bem mais séria e fiel ao mundo real. A Disney também utilizou essa técnica no seu primeiro longa, A Branca de Neve, mas objetivando o público infantil, obviamente.
Outros fatores que me agradam em American Pop são os diálogos, muito bem construídos e a ambientação da trama. Essas histórias que tratam da vida, crua como ela é, nas ruas, o esforço das classes subjugadas em tirar o sustento diário, a esbórnia, as drogas, tudo isso aliado ao cotidiano das pessoas do meio musical, maaan, é a melhor coisa para mim. Eu aprecio demais conferir “de perto” as trajetórias de grandes bandas, artistas, músicos e tudo o que eles passaram para chegar em tal lugar. Todas as conquistas, incertezas, dificuldades e acontecimentos inesperados que acarretaram na construção de suas histórias. Nesse quesito, American Pop é um prato cheio.
Outra coisa que achei interessante é a forma como as gerações, tanto da família quanto da música, são retratadas no longa: você percebe que cada novidade que surge tem uma bagagem do “passado“.
O filme concentra, aproximadamente, 70 anos de história americana em termos de música, dos famosos vaudevilles ao swing, jazz, rock’n roll, punk e nos presenteia com MUITAS referências aos grandes nomes do ramo, como Bob Dylan, Janis Joplin, The Doors, The Mamas & the Papas, Louis Prima, Jimi fucking Hendrix, Bob Seger, além da ótima trilha original composta por Lee Holdridge. Só daí a gente percebe a qualidade do som, né?
Eu descobri American Pop através de uma indicação de um professor (thank you, university) e quando finalmente assisti, percebi que precisava compartilhar com vocês. Então se você gosta de música EM GERAL, esse filme é MUST SEE! Não deixe de conferir. Fiquem com o trailer para atiçar a curiosidade:
https://www.youtube.com/watch?v=6-UCLiQ5EdQ
Se você curte música em geral e ambientações fiéis às épocas e ao estilo de vida das pessoas desse ramo, American Pop é para você: cheio de referências e cenas memoráveis.
-
IMDb
-
Roteiro
-
Trilha Sonora
-
Ambientação
-
Animação
1 comentário
Fato que a vida é o acumulo de experiências calcada no passado. A música não é diferente em seus vários estilos. Quanto a sofrência da grande maioria dos músicos, letristas, intérpretes etc., prende-se as suas origens sempre das camadas sociais mais desprovidas e também pelo o meio e pela liberdade que usufruem.