O RPG sempre foi um gênero de jogos muito popular entre os “geeks”. Com a chegada das versões eletrônicas e, posteriormente, o lançamento da serie “Stranger Things”, mais e mais pessoas se interessaram pelo assunto, revivendo toda essa cultura dos anos 80.
Podemos dividir os RPGs em dois grandes blocos: os digitais e os não-digitais, também conhecidos como RPGs “de mesa”, os quais são baseados em livros guia e livros de expansão. Os digitais são muito populares, contando com nomes como: Tíbia, Diablo, World of Warcraft, Ragnarok, Final Fantasy, Chrono Trigger e muitos outros – os quais eu poderia escrever uma lista enorme, e que fazem desse bloco algo mais popular e acessível de jogar.
Unindo-se a massíva propaganda, as versões digitais de RPG tornaram-se mais fáceis e democráticas, pois contam com uma interface gráfica onde podemos ver o personagem batalhando, geralmente temos ajuda para iniciar, ajuda para escolher as habilidades e todo um software para interpretar os comandos dados.
As versões de mesa não são tão fáceis assim e, por serem as reais clássicas desta história, colocaremos um enfoque maior em todo o processo de criação e jogo.
O ano que pode ter sido dito como a “origem” dos RPGs é 1974, onde a primeira versão do mais famoso RPG de mesa, Dungeons and Dragons (D&D) fora lançada, as quais as bases são as mesas da versão atual (5.0). De uma forma bem básica, o jogo necessita de um grupo de amigos de 4 a 8 pessoas, onde uma delas atua no papel do Dungeon Master, o qual falaremos mais adiante, e as outras jogam normalmente como seus personagens.
O Dungeon Master tem o trabalho mais cansativo de toda turma, ele precisa organizar o roteiro pelo qual os jogadores irão passar, colocar encontros com monstros fortes o suficientes para darem trabalho, mas não tão fortes para derrotarem os jogadores facilmente. Ele desempenha o trabalho do narrador e criador da história, assim como do mundo onde os personagens se encontram. É ele quem decide se as ações feitas são válidas ou não. Basicamente, o Dungeon Master desempenha o papel de mediador entre a imaginação do jogador e o mundo em que estão jogando.
Diferente das versões online, os RPGs de mesa não contam com uma interface gráfica, dependendo majoritariamente da imaginação e criatividade de seus membros para gerar uma experiência imersiva. Devido a questões geográficas e espacial durante as batalhas, miniaturas ou qualquer coisa que consiga identificar a localização dos personagens e monstros é usada para não causar discussão.
O Personagem
A criação do personagem é a parte que mais desempenha tempo fora de jogo para o jogador comum, pois são diversos fatores que devem ser considerados. Neste texto darei enfoque ao D&D por ser o RPG que eu mesmo mais joguei e ainda jogo.
A base da criação dos personagens são as ditas “fichas de personagem” as quais contam com todos os status e habilidades do personagem. Abaixo podemos ver um exemplo de uma das páginas da ficha de personagem de D&D versão 4.0.
Antes de todos se reunirem pela primeira vez, cada jogador faz seu personagem da maneira que bem entender, qualquer combinação de raças e classes disponíveis (mais adiante as apresentarei) é possível. Porém, se um jogador quiser fazer um personagem realmente “jogável” ele vai ter que prestar a atenção no que a sua classe necessita como bônus e o que cada raça te dá como vantagem.
As Classes
As classes podem ser traduzidas, vulgarmente, como a ocupação do seu personagem, o que ele faz e quais são as habilidades disponíveis para ele. Ela vai direcionar seu modo de jogo, seu modo de batalha, as habilidades que deve escolher e até o modo que deve se comportar, em partes. As classes são:
- Bruxo (Warlock)
- Clérigo (Cleric)
- Guerreiro (Fighter)
- Ladino (Rogue)
- Mago (Wizard)
- Paladino (Paladin)
- Patrulheiro (Ranger)
- Senhor da Guerra (Warlord)
- Bárbaro (Barbarian)
- Bardo (Bard)
- Druida (Druid)
- Feiticeiro (Sorcerer)
- Guardião (Warden)
- Invocador (Invoker)
- Vingador (Avenger)
- Xamã (Shaman)
- Ardent
- Battlemind
- Monk
- Psion
- Runepriest
- Seeker
- Hybrid
- Swordmage
- Spellscarred
As quais podem ser divididas em 4 grupos diferentes. Controladores, Líderes, Agressivos e Defensivos.
Controladores são os donos do mapa, com habilidades que atrasam, prendem, limitam e confundem os oponentes. Não são aqueles que entram na briga, mas podemos dizer que eles deixam os companheiros seguros e criam oportunidades para ofensivas mais eficientes.
Os Líderes, por outro lado, são aqueles que inspiram. Suas habilidades são baseadas em aumentar a vitalidade e status dos seus aliados ao mesmo tempo que diminuem os status dos oponentes, são os famosos Supports e Healers.
As Classes Agressivas não exigem muita explicação, são aquelas que focam suas habilidades em abaixar a vida do oponente, seja com um golpe poderoso ou vários menores, debilitando aos poucos o adversário. Os agressivos são aqueles que mais diminuirão a vida inimiga.
E por fim, mas nem de longe o menos importante, as Classes Defensivas, ou os “Tanks”. O personagem parrudo de escudo que vai a frente do grupo para defender os aliados, basicamente um alvo móvel, suas habilidades se concentram em não deixar que o inimigo lhe acerte, e, se acertar, cause dano mínimo. Os jogadores costumam falar que o Defensor é o único que realmente luta com o monstro, os outros apenas aproveitam a briga.
As Raças
Sua origem, seu fenótipo, seu biótipo. As raças são, essencialmente, o que seu corpo e sua cultura lhe oferecem de vantagem em campo de batalha, seja a resistência dos Anões, ou a velocidade dos Elfos. É o que define suas características e até parte da sua personalidade. Abaixo estão as raças de Dungeons and Dragons versao 4.0 com uma breve explicação.
Metamorfo – São metamorfos sutis e espertos que podem se disfarçar como membros de outras raças. Algumas vezes chamados de Doppelgangers, changelings são uma parte proeminente das intrigas políticas e espionagens.
Deva – Devas são seres nobres e virtuosos que buscam se aperfeiçoar através de uma sequência infinita de reincarnações. Uma vez espíritos imortais que serviam aos deuses do bem, devas são agora presos a carne, para poder melhor guerrear contra as forças do mal no mundo e além.
Dragonborn – Draconatos são orgulhosos e honrados humanóides dracônicos. Eles vagam o mundo como mercenários e aventureiros. Eles são fortes e possuem habilidades similares aos de dragões.
Drow – Uma raça de fadas corrompidas que reside no Underdark. Ocasionalmente um pária da sociedade Drow consegue escapar das amarras malévolas dos Drow e consegue alcançar a segurança da superfície. Geralmente são maus, mas você pode jogar com um Drow que deu as costas para o seu povo e seu passado sinistro.
Anão – Lendários por serem durões e teimosos, os Anões são guerreiros indomáveis e mestres artesãos. Reinos de anões são cidadelas imponentes nas montanhas, mas clãs de anões artesãos podem ser encontrados em qualquer cidade ou vila.
Eladrin – Eladrins são uma raça graciosa e mágica, nascida no mundo das fadas. Eles amam magia arcana, esgrima e arte em metais e pedras. Eles vivem em terras brilhantes nas fronteiras do Mundo das Fadas.
Elfo – Elfos vivem em florestas densas e amam a beleza da natureza. Muitos vivem em grupos errantes que visitam muitas terras, ficando alguns meses e depois voltando a viajar.
Genasi – Uma raça de criaturas elementais que possui motivações e características de personalidade de humanos. Este povo é um produto do caos elemental atuado sobre os humanos. Eles manifestam mudanças fisiológicas que copiam a natureza de seu elemento.
Gnome – Gnomos são fadas pequenas e furtivas que dão valor a uma mente esperta e a habilidade de não serem notados. Gnomos são atraídos por ilusão e enganações. Eles exploram o mundo com um senso de curiosidade e buscando maravilhas.
Half-Elf – Unindo características de humanos e Elfos, os meio-elfos são carismáticos e versáteis.
Halfling – Os menores das raças civilizadas, são rápidos, amigáveis e divertidos. Eles se unem em pequenos clãs em pântanos e às margens de rios de todo o mundo, viajando e negociando com as outras raças.
Half-Orc – Meio-Orcs combinam as melhores qualidades dos humanos e Orcs, são fortes, valentes, decididos e versáteis. Eles valorizam os simples prazeres da vida, de banquetes e festas ao calor da batalha.
Human – Corajosos e ambiciosos, os humanos são mais numerosos que as outras raças e suas cidades são os pontos mais brilhantes num mundo mergulhado nas trevas. Porém, há vários locais do mundo ainda não explorados pelo homem.
Tiefling – Tieflings são uma raça descendente de antigos humanos que barganharam com poderes infernais. São solitários e vivem às sombras da sociedade humana, confiando somente em seus mais próximos aliados.
Wilden – São fadas com feições de plantas que surgirem recentemente do mundo selvagem das fadas para combater o disseminamento dos preceitos do reino distante. Eles podem adquirir aspectos diferentes da essência da natureza, alterando sua aparência e mesmo sua personalidade com cada mudança de seu aspecto.
Pode-se encontrar raças jogáveis diferentes se consultar o Livro dos Monstros ou a expansão Heróis das Sombras, mas as principais são as que foram listadas acima.
O sistema de jogo
Os RPGs são um jogo com um sistema simples baseado em interpretação, estratégia e sorte. Um não consegue trabalhar sem o outro. Para que um jogo possa fluir bem é necessário que os jogadores entendam certas “regras” que se estendem.
A primeira e mais importante delas é saber diferenciar o personagem de seu jogador. O personagem tem um temperamento próprio, um comportamento próprio, assim como suas crenças e traumas. Você não pode agir com o seu personagem do jeito que se torne mais conveniente, isso lhe custara pontos de alinhamento, os quais, quanto mais se perde, mias se dificulta a evolução do personagem.
É muito importante você estar bem ciente de que o que você sabe não é o mesmo conhecimento do personagem. Se o Dungeon Master comenta algo fora do jogo, ou pede um “teste”, e você não sabe o porquê, não é permitido ser cauteloso após o ocorrido, pois seu personagem não sabe que foi testado, então assim, deverá se comportar como se nada tivesse acontecido.
Etiqueta fora do jogo também é fundamental. Não demorar muito para seguir o seu turno, não levar para o lado pessoal as ações de outros personagens, desde que estes estejam condizentes com sua personalidade e conversar enquanto o Dungeon Master coordena a jogada de um colega, são comportamentos que dificultam o jogo e deixam o ambiente não muito confortável.
Toda ação é coordenada por dados de vários números de faces, desde 4 faces ate 20 faces. Eles determinarão se você foi bem sucedido em uma ação, o quanto você deu ou recebeu de dano ou se a ação foi extraordinária ou falha completa.
O personagem desmaia se seus pontos de vida chegam a 0 e morre se chegarem a -10. Cada jogo pode durar de 3 horas até o tempo que o grupo aguentar, eu mesmo ja joguei 15 horas seguidas, depende de vocês.
Por fim, concluo que o RPG é uma ótima maneira de reunir os amigos, dar risadas, desenvolver a criatividade e tudo isso revivendo um dos pontos altos da cultura geek dos anos 80.